domingo, 8 de junho de 2008

O laço da linda Inês - uma história sobre as Festas Juninas nordestinas

Era uma vez uma vila
Que era muito enfeitada
Tinha gente de todo jeito
Gente festeira e danada
Que em junho, fazendo frio
Juntava uns pausinhos
E todos - velho e mocinho
Pensavam escondidinho,
No milho, no amendoim,
Na canjica, no aipim...
Na roupa bem colorida
E até no laço de fita
Que deixa a moça bonita.






Na vila tinha José,
Zezito, Tadeu e Tomé.
Tinha também Dona Zezé
Inês, Xilita e Bebé.

De dia, com o vento frio,
Quebravam o milho novinho
E cantavam bem de mansinho.

De noite, no escurinho,
Quentavam o corpo do frio,
E, arrumados, bem bonitinhos,
Dançavam animadinhos.









Os homens: chapéu de palha com blusa quadriculadas.
As moças, quem acredita?
Vestidas todas de chita,
Pulavam feito cabritas
E perdiam os laços de fita.

Zezito, todo cortês,
Pegou de uma só vez,
O laço da linda Inês.
E ela, despenteada, nem assim ficou parada,
Só não viu que o camarada, esperava a sua vez.
Quem viu a festa acredita
Que a quadrilha bonita
Fez esquentar a fogueira,
Balançou as bandeiras,
E animou a brincadeira.


O tocador deu o tom,
E bastou só o seu som,
Da zabumba e da sanfona,
Pra que todos nos seus lugares,
Escolhessem os seus pares.






Zezito, todo bonito,
Correu logo e deu um grito:
- Só danço se for com Inês!
A moça, desconcertada,
Rodou a saia acanhada,
e logo escondeu a testa,
no meio de toda a festa!

Zezito, mais que depressa,
Tratou de prender a trança,
Com o laço de fita branca,
Que Inês perdeu na dança.


Foi bomba pra todo lado,
E o povo, bem animado,
Comemorou o reinado,
Da moça que provou com a dança,
Que o laço que prende a trança,
Na noite de São João,
Amarra o coração,
De quem quer uma paixão!